terça-feira, junho 07, 2011

Perfis das redes sociais complementam processo de seleção, mas sem substituir os currículos e entrevistas

Publicada em 07/06/2011 às 10h51m
Ione Luques
RIO - Você informa seu endereço de Facebook, Orkut e Twitter junto com seu currículo, no momento de se candidatar a uma oferta de trabalho? Pode parecer estranho, mas, em tempos de redes sociais, muitas empresas estão lançando mão desta estratégia como mais uma etapa do processo de seleção de novos funcionários. Já não é raro nos depararmos com anúncios nos classificados ou em sites de consultorias de RH pedindo que os candidatos passem seus endereços nas redes de relacionamento juntamente com seus dados profissionais.
Jacqueline Resch, sócia-diretora da Resch Recursos Humanos, empresa de recrutamento e seleção de executivos para cargos de gerência, afirma que, uma vez que a empresa já utiliza as informações das redes sociais em seu processo de seleção, incluir em seus anúncios que as mesmas serão analisadas torna o processo transparente para o candidato .
- O candidato fica a par das regras do jogo e sabe que será avaliado também em sites de relacionamento pessoal - ressalta a consultora, informando que, na Resch, são avaliados apenas os sites de relacionamento de trabalho, como o LinkedIn, como foco em informações profissionais.
Embora eficiente para que o empregador possa enxergar o candidato pelo lado comportamental e ser um material forte a ser levado em conta na hora da seleção, os perfis nas redes sociais não substituem o currículo ou os processos de entrevistas, acredita Celso Georgief, da Agnis Recursos Humanos. Segundo ele, o momento de ficar frente a frente com o candidato é precioso.
- É nesse momento que o profissional de RH valida esses aspectos, ou seja, eventuais informações obtidas nas redes sociais servem como apoio. São etapas fundamentais hoje e, acredito, ainda serão por um bom tempo.
José Augusto Figueiredo, COO da DBM na América Latina e presidente do ICF Brasil, International Coaching Federation, vê o uso das redes sociais como uma grande alternativa para apoiar o currículo:
- A mídia social complementa o currículo, que traz informações do passado do candidato, já que, ao se expressar nas redes, a pessoa revela como pode contribuir no futuro.
Para Jacqueline, resta saber qual é o procedimento de empresas que usam as redes como critério de seleção com candidatos que não participam delas.
- Já ouvi comentários de que isto seria um indicador de desatualização. Não posso concordar com isto, nem todo mundo que opta por estar fora das redes está desatualizado. Me parece uma visão bem preconceituosa e nós, entrevistadores, temos que tomar cuidado para não avaliar candidatos com base em nossos valores e escolhas pessoais .
Ela acrescenta que, se esta é uma crença da empresa contratante, aí sim passa a ser critério seletivo .
Na visão de Figueiredo, no entanto, é inexorável participar das redes sociais. No Congresso da ASTD, nos Estados Unidos, um dos maiores eventos de RH do mundo, onde esteve recentemente, a quantidade de empresas ligadas às mídias sociais é impressionante, diz ele. O que mais chamou a atenção do executivo é o fato de que quem não participa das mídias sociais tem grandes chances de se tornar irrelevante para o mercado de trabalho:
- O futuro que se vislumbra é que as pessoas participem de forma mais consistente, com mais conteúdo, não só com abobrinhas. O que vale é se colocar nas redes opiniões sobre temas importantes, revelar como se percebe do ponto de vista de suas competências, que empresas admira e qual a sua contribuição para o mercado corporativo. É um caminho sem volta.