José Frederico Lyra Netto – Presidente do Vetor Brasil
Engenheiro mecatrônico pela Unicamp. Na universidade foi presidente da
Mecatron (empresa júnior), presidente da Brasil Júnior (Confederação
Brasileira de Empresas Juniores) e membro titular do Conselho Nacional
de Juventude do governo federal.
No Vetor Brasil, é responsável pela estratégia e coordenação geral
dos trabalhos, sendo também coordenador dos planos de desenvolvimento
para as cidades de Araguaçu e Palmas/TO.
O
Vetor Brasil tem como carro-chefe o empreendimento
Vetor Cidades, em que são feitos planos de desenvolvimento para que
municípios alcancem altos patamares de qualidade de vida. O primeiro
projeto foi feito com a cidade de Araguaçu-TO e em julho foi iniciada a
montagem de um plano para a capital do Tocantins, Palmas.
Quais as principais diferenças entre a gestão de uma empresa convencional para uma organização focada no bem estar coletivo?
As principais diferenças estão na gestão dos incentivos que
levam as pessoas a trabalhar em cada tipo de organização. Segundo Steven
Levitt (Universidade de Chicago), pessoas são motivadas através da
ponderação de três incentivos – o financeiro, o social e o moral.
Creio que o primeiro seja o principal em empresas convencionais; já
em organizações focadas no bem estar coletivo, os incentivos social e o
moral são os principais. Isso modifica o perfil dos membros, mudando
também a forma de cobrança em cada um dos casos.
No mundo empresarial o resultado é medido por vendas, como é essa medição para uma organização social?
Organizações sociais ou públicas medem o quanto seu trabalho impactou no público alvo.
No Vetor Brasil, dentro do empreendimento de planos para cidades, o
resultado será medido pelo crescimento do PIB do município, aumento do
IDH, melhora do coeficiente de Gini (indicador de desigualdade social)
etc. É uma questão de buscar medir o aumento do bem estar do público que
está sendo trabalhado pela organização.
Como o Vetor Brasil atrai talentos para trabalhar voluntariamente?
O Vetor Brasil tem buscado jovens que tenham talento/diferencial em suas
áreas e que sejam alinhados com o nosso propósito de querer mudar o
país, deixar sua marca. E isso é que o atrai pessoas para o Vetor – além
de benefícios como contatos com referências públicas e empresariais.
Tenho a impressão de que há muitos que anseiam em contribuir para o
país, mas que não conhecem um caminho para isso. Quando apresentamos o
grupo, que ainda é incipiente e em fase piloto, vemos uma atração grande
pela “causa”: pela possibilidade de fazer a diferença de um modo
pragmático, ousado, mas que preza por uma preparação.
Quais são as características que você acredita que levem uma pessoa a sair do lugar em prol de uma causa?
Ambição, alinhamento com a causa e a massa crítica propulsora.
A ambição é imprescindível, e não enquanto qualidade negativa, mas a ambição de vencer, de se superar, de realizar os sonhos.
O alinhamento com a causa é análogo ao alinhamento com a visão de uma
empresa: quanto mais alinhado o profissional, mais motivação ele terá
para trabalhar para alcançar esta visão. A história já nos mostrou uma
infinidade de pessoas que até morreram por acreditar em um país, em um
líder e principalmente em um ideal – como a liberdade ou a democracia.
Finalmente, a causa em questão deve ter adeptos suficientes para
criar uma massa crítica de pessoas – com isso, uma reação em cadeia
acontece. Apesar da intenção de “sair do lugar”, algumas pessoas
precisam que seus contatos, relacionamentos e referências também tenham
essa vontade e o “empurrem”.
Qual a sua dica para o jovem empreendedor que queira desenvolver sua liderança e fazer diferença para o país?
Ser empreendedor já é uma ótima maneira de mudar o país – seja
por inovação, geração de renda ou influência positiva na sociedade. Mas
isso isoladamente não é suficiente. Acredito na necessidade de um pacto
entre todos os setores – em algum momento alguns terão que fazer algum
esforço para que todos possam ganhar em conjunto. A articulação entre
empresários, políticos e profissionais do terceiro setor é essencial
para a propagação do impacto. O jovem empreendedor deve fazer parte de
discussões, projetos etc. com os outros setores.
Em relação à liderança, apenas uma dica pessoal: uma boa liderança se
inicia com uma boa visão – uma visão simples, forte e motivadora, seja
em uma empresa, organização do terceiro setor ou no próprio governo. A
capacidade de passar esta visão às pessoas é o primeiro e um dos mais
importantes passos da liderança.
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Quem quiser saber mais sobre o
Vetor Brasil, mande um e-mail para
josefredericoln@gmail.com