Quando
comparado aos países em desenvolvimento, com os quais o Brasil compete
comercialmente em escala mundial, a posição do País é ainda pior
Diário do Comércio / SP
Confirmado:
o Brasil é mesmo o campeão mundial dos encargos trabalhistas.
Levantamento inédito da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp), feito com base em dados compilados pelo Departamento de
Estatística do Trabalho dos Estados Unidos (BLS, sigla em inglês de
Bureau of Labor Statistics), mostra que os encargos já correspondem a
praticamente um terço (32,4%) dos custos com mão de obra na indústria
de transformação brasileira.Trata-se do valor mais alto de toda a
amostra, 11 pontos porcentuais superior à média dos 34 países estudados
pelo BLS (21,4%). Na Europa, por exemplo, o peso dos encargos no custo
da mão de obra é de apenas 25%.
Quando
comparado aos países em desenvolvimento, com os quais o Brasil compete
comercialmente em escala mundial, a posição do País é ainda pior. Os
encargos são 14,7% dos custos em Taiwan, 17% na Argentina e Coreia do
Sul e 27% no México.
Apesar
de o título brasileiro de campeão mundial já estar consolidado há um
bom tempo no debate econômico, faltavam informações sobre a
representatividade dos encargos trabalhistas no custo da mão de obra em
um conjunto de países.
No
Brasil, os encargos sobre a folha salarial são compostos
principalmente pelas contribuições patronais à Previdência Social. No
caso da indústria de transformação, a contribuição ao Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), sozinha, corresponde a 20% da folha
de salários.
Há
também a contribuição por Risco de Acidente de Trabalho, o Salário
Educação e contribuições ao Incra, Sesi, Senai e Sebrae, que
correspondem a até 8,8% da folha de salários.
Somando-se
as contribuições do empregador ao FGTS, indenizações trabalhistas e
outros benefícios, como o 13.º salário e o abono de férias, o total de
encargos chegou a 32,4% dos gastos com pessoal da indústria em 2009,
ano-base do estudo do BLS.
Para
a Fiesp, a indústria brasileira enfrenta uma perda de competitividade
que tem levado a um quadro de desindustrialização do País. "Os encargos
incidentes na folha de salários traduzem-se em encarecimento da mão de
obra e, consequentemente, dos custos de produção de bens e serviços,
afetando a competitividade local", diz o diretor do departamento de
competitividade e tecnologia da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, que
coordenou o trabalho. "O problema é mais grave na indústria de
transformação, cujos bens em geral competem em mercados com escalas
globais."
Fora
do pacote. O estudo da Fiesp é conhecido no momento em que o governo
se prepara para lançar a nova versão da política industrial brasileira,
chamada de Política de Desenvolvimento Competitivo. A expectativa dos
empresários do setor era de que o pacote incluísse medidas para
desoneração da folha de salários da indústria de transformação.
No
entanto, poucos ainda apostam nisso. A equipe econômica já deu sinais
claros de que não deverá incluir a desoneração na proposta de política
industrial a ser divulgada no dia 2 de agosto. O projeto deverá ser
apresentado separadamente em outro momento.
De
acordo com Roriz Coelho, a situação da competitividade da indústria
brasileira ficou ainda mais dramática por causa dos "graves efeitos da
excessiva valorização" do real ante o dólar.
Segundo
ele, entre 2004 e 2009, o valor em dólares dos encargos trabalhistas
no Brasil aumentou 119,5%, muito acima do que ocorreu na maior parte
dos países. Na Coreia, a alta foi de apenas 1,2%, enquanto em Cingapura
não chegou a 30%.
Porém,
como o custo em dólar da mão de obra no País ainda é relativamente
baixo em comparação com a maioria das economias avaliadas, o valor dos
encargos no Brasil, de US$ 2,70 a hora, é inferior à média dos 34
países (US$ 5,80 a hora).
"O
valor em dólares dos encargos incidentes em uma hora da mão de obra
industrial no País é inferior ao da maioria das economias
desenvolvidas, mas supera o de nações em desenvolvimento e mesmo de
algumas desenvolvidas, como Coreia do Sul", argumenta o diretor da
Fiesp.

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário e sugira um tema, assim pesquisaremos e engrandeceremos nossos conhecimentos